segunda-feira, 13 de abril de 2009

O LOUCO


No jardim de um hospício encontrei um jovem de face pálida, formosa e cheio de espanto.
Sentei-me no banco ao seu lado e perguntei-lhe: "Por que estás aqui?"
Ele olhou-me, admirado, e disse: "É uma pergunta indiscreta; contudo vou responder. Meu pai queria fazer de mim uma cópia de si; o mesmo queria meu tio. Minha mãe pretendia fazer de mim a imagem de seu ilustre pai. Minha irmã considerava seu marido, marinheiro, como exemplo perfeito a ser seguido. Meu irmão achava que eu tinha que ser como ele, um exelente atleta.
Meus professores, o de filosofia, o de música, e o de lógica, cada um queria que eu não fosse senão o reflexo da sua própria face.
Dessa forma, vim para este lugar. Acho mais são aqui. Pelo menos posso ser eu mesmo."
Depois, subitamente, virou-se para mim e perguntou: "Más, diga-me, o senhor também foi trazido aqui pela educação e bom conselho?"
Eu respondi: "Não, sou visitante."
Ele disse: "Ah, o senhor é um daqueles que vivem no hospício do outro lado da muralha."

( Gibran Khalil Gibran )

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