quarta-feira, 15 de abril de 2009

MANIFESTO

 
Sim! É preciso que haja paz na Terra
embora esse rumor de peste e guerra
esteja escrito há quase dois mil anos
Sim! É preciso que este mundo louco
fale de paz, mas tenha paz um  pouco, 
isento de taições e desenganos!

Sim! É preciso que haja menos queixa,
porque se um grita é aproveitada a deixa
e todos gritam gritos sem razão!
Embora gire a roda do destino,
soluça o velho e chora o pequenino
nessa inqualifcável confusão!

Ninguém se entende na Babel imensa!
O ceticismo vai minando a crença
esboroando os templos mais sagrados!
O mercador se difundiu de um jeito
que o azorrague não traria efeito
a esse pobres anões marmorizados!

Os filhos contra os pais vê-se amiúde!
O clamor contumaz da juventude
que grita, esbraveja e que proclama,
nada diz, nada quer, nada pretende,
pois, na verdade, já nem ela entende
se grita por rancor ou porque ama!

Sim! É necessário que se diga um basta
quando o clamor se curva ante a vergasta
enquanto há tempo para alguém gritar.
Na arrancada final, será penoso,
quando então mesmo um grito cauteloso
poderá a um mau fim precipitar.

Porque é injusto, muito injusto mesmo
deixar um povo andando assim a esmo
em busca de pretensas diretrizes,
formando em batalhões malamanhados
sem achar um destino, escorraçados,
por seus próprios pendores infelizes...

Ninguém ouve ninguém! De quem a culpa, 
se o errado não pode ter desculpa
se o crime é cometido em cada esquina?
Em nome de que deus, e de qual era,
que o próprio sacerdote vitupera
praticando os seus crimes na surdina?

Eu daqui vou lançar meu manifesto:
que haja coerência em cada gesto
que se atenda à razão quando há razão!
Se o pária é nosso próximo, é vivente,
o nobre que se ufana é meu parente,
e o pobre maltrapilho é meu irmão!

Somos frutos da mesma sementeira!
Teremos nosso fim de igual maneira
como foi o princípio: o caos e o nada...
Um ser Universal que nós não vemos
criou o Bem e o Mal, que escolheremos,
como bons companheiros de jornada.

Que peçamos a paz! Mas que ela seja
como a árvore amiga que viceja
na terra acolhedora e tão loucã!
E os frutos que colhamos, na verdade,
sejam hoje canteiros de saudade
preparando as saudades do amanhã!...

E. da S. Marques ( in memoriam )



Um comentário:

  1. De fato o mundo hoje está de pernas pro ar, e isso tudo é culpa de nós mesmo.


    Texto bacana, Doro.

    Parabéns pelo Blog


    Lucas Egidio

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