domingo, 12 de abril de 2009

DESERTOS


Por entre desertos sem água e pão
vivo a navegar o meu pior castigo
entre tuas curvas imagino então
um calabouço cheio de ilusão

A solidão me pegou desprevinido
e num acaso que foi também ocaso
o meu peito foi certamente atingido
pela flecha da batalha que hoje travo

Com meus demônios imaginários
posso ver além das aparências
posso esclarecer as evidências
de quem quase nunca nada vê

Posso também estender as retiscências
e nunca pensar em um ponto final
mas se é por você, levo a tendência
de minha sede matar noutro lugar

A lua me banha; sombra estranha
a compensar esse meu triste fado
e na água do deserto já castanha
a sede aplaco já sem força, devagar

Quero voar como "O Corvo" de "Poe"
mas seu coração esta numa gaiola
a chave desapareceu prá sempre
no fundo de algum perdido poço

Lá um dia pude lágrimas verter
minha sede amargamente saciar
pelo pranto que por ti de mim caiu
tive força prá seguir minha jornada

( Doro e André Moleiro )

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