domingo, 20 de fevereiro de 2011

Genoma prova cruzamento entre Neandertal e o homem

Sequenciamento do código genético de ossos do homem pré-histórico mostra que houve miscigenação entre espécies:

O sequenciamento do genoma do homem de Neandertal anunciado nesta quinta-feira por uma equipe internacional de cientistas revelou cruzamentos com o humano moderno e traz uma nova luz sobre as características genéticas humanas únicas na evolução.

De 1% a 4% do genoma humano (2% de seus genes) provêm do homem de Neandertal, que apareceu há cerca de 400.000 anos e se extinguiu há 30.000 anos, precisaram cientistas em um estudo publicado na edição deste 7 de maio da revista americana Science.

O Neandertal é assim o primo mais próximo dos seres humanos.

"Podemos dizer, de agora em diante, que com toda probabilidade ocorreu uma transferência de genes entre o homem de Neandertal e os humanos modernos", afirma Richard Green, professor de engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e principal autor do estudo, que começou há quatro anos e do qual trechos haviam sido publicados em 2008.

Segundo os pesquisadores, essa transferência genética deve ter ocorrido de 50.000 a 80.000 anos atrás, provavelmente quando os primeiros Homo sapiens saíram da África, berço da humanidade, coincidindo com a presença dos homens de Neandertal no Oriente Médio, antes de se dispersarem na Eurásia.

O fato de os genes do Neandertal aparecerem no genoma de indivíduos de origem europeia e asiática, mas não entre os africanos, sustenta essa hipótese.

Além disso, não foi encontrado nenhum gene de Homo sapiens no genoma Neandertal sequenciado a partir do DNA extraído de três ossos fossilizados provenientes da caverna Vindiglia, na Croácia, e que datam de 38.000 a 44.000 anos. Os ossos pertenciam a três mulheres.

Os cientistas compararam o genoma neandertal com o de cinco humanos modernos procedentes da África Meridional e Ocidental, assim como de França, China e Papua Nova Guiné. Também foi comparado com o genoma do chimpanzé, cujo DNA é 98,8% idêntico ao humano.

Richard Green, o coordenador do projeto, segura réplicas dos ossos de Neandertal usados no estudo genético
Na comparação, o Neandertal mostrou-se geneticamente idêntico ao humano moderno em 99,7%, e ao chimpanzé em 98,8%. O antepassado comum do chimpanzé com o humano moderno e seu primo Neanderthal remonta a 5 ou 6 milhões de anos atrás.

O homem de Neandertal e o humano separaram-se durante um período situado entre 270.000 e 440.000 anos, conclui o estudo, destacando que ambas as espécies eram muito semelhantes.

Mas as diferenças são sobretudo interessantes.

"O sequenciamento do genoma do Neandertal nos permite começar a definir todas as características do genoma humano que diferem de outros organismos vivos, inclusive aquelas do parente mais próximo do humano na evolução", afirma Svante Paabo, diretor do Departamento de Genética do Instituto Max Planck na Alemanha, que lidera o projeto de sequenciamento do genoma.

Segundo Richard Green, "a decodificação do genoma de Neandertal é uma mina de informação sobre a evolução recente da humanidade e será aproveitada nos próximos anos".

sábado, 8 de janeiro de 2011

Inversão do pólo magnético da Terra

O Norte Magnético do nosso planeta está lentamente se movendo cerca de 60 km por ano em direção à Rússia — e nenhum cientista sabe explicar exatamente por que isso acontece. Arnaud Chulliat, geofísico do Instituto de Física do Globo de Paris, afirma que existe uma misteriosa força magnética que está empurrando o Norte magnético para um novo local. Segundo o pesquisador, a força vem do fluxo do centro ferro derretido que forma nosso planeta, de onde surge o campo magnético.

Enquanto isso, cientistas têm evidências de que o centro magnético do planeta se inverte a cada 300 mil anos (norte vira sul, sul vira norte). O detalhe é que a última mudança ocorreu a cerca de 780 mil anos, o que pode significar que uma nova mudança é iminente. Cientistas já descobriram que a força do campo magnético do planeta diminuiu muito nos últimos dois séculos – um fato que faz com que alguns especialistas acreditem que o campo poderia desaparecer completamente nos próximos mil anos. Outros cientistas acreditam que isso se deve simplesmente a flutuações no campo.

Se a primeira teoria se concretizar, o processo terá conseqüências catastróficas sobre a civilização humana e à natureza. Sem um campo magnético, nada nos protegerá das radiações que vêm do espaço, e o clima ficaria completamente maluco – e o sol queimaria todos os nossos serviços de navegação e de comunicação, além de fritar todos nós. Além disso, milhares de espécies animais que migram ficariam completamente perdidas, o que afetaria várias cadeias alimentares em todo o mundo.
[National Geographic]

sábado, 1 de janeiro de 2011

O DESAFIO DO CORAÇÃO

Nas sociedades tradicionais, o casamento arranjado era a norma e se baseava em considerações da família, status, saúde, etc. Tratava-se mais de uma aliança entre famílias do que entre indivíduos. Servia para preservar a linhagem e as propriedades familiares e para que as crianças conhecessem seu lugar na rede social. Nenhuma sociedade tradicional considerava os sentimentos indivíduais de amor espontâneo como base válida para relacionamentos duradouros entre um homem e uma mulher.
Mais do que isso, nenhuma sociedade anterior tentou, muito menos conseguiu, unir amor romântico, sexo e casamento em uma única instituição.
A cultura grega unia sexo e casamento, mas reservava o amor romântico para as relações entre os homens e rapazes.
No amor cortês do século 12, do qual provêm nossos ideais sobre o romance, o amor entre homem e mulher estava oficialmente separado do casamento.
No século 19 os vitorianos tiveram o vislumbre do casamento com base em padrões românticos. Mas o sexo era excluído: a mulher era considerada doente se sentisse desejo ou prazer. O prazer do sexo ficava relegado aos prostíbulos.
Só muito recentememte passou-se a acreditar que amor, sexo e casamento devem ser concentrados em uma mesma pessoa. Somos os primeiros a reunir o amor romântico, a paixão sexual e o compromisso conjugal monogâmico em um só acordo. Segundo Margaret Mead, essa é uma das formas de união mais difícil que o gênero humano já criou.

( John Welwood )