quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

PEQUENA REFLEXÃO NO DIA DE NATAL DE UM CIDADÃO COMUM:

"Quando, entre meus 11-15 anos, subia o morro ( e que morro! ) com uma lata de água de 20 litros na cabeça, refletia sobre o Natal e sobre os meninos da minha idade com mais privilégio do que eu com seus presentes e suas vidas mais fáceis em questões materiais. Eu não conseguia entender o porque dessas diferenças! Eu via uma casa com lâmpadas e me perguntava: porque eu tinha que estudar à luz de um lampião? Na minha escola tinha banheiro e eu não tinha na minha casa, fazíamos nossas necessidade fisiológicas numa mata no alto do morro, que por sinal, até os dias de hoje é inabitável pelo fato de ser tão íngreme. Eu via pessoas andando de carro enquanto eu subia e descia o morro à pé. Via também meus poucos amigos do morro com suas mães no Natal e eu sequer sabia se tinha uma mãe. Assim ia vivendo meu dia a dia sempre refletindo sobre o porque e o sentido da vida. Quanto mais dificuldades surgiam no meu caminho mais ímpeto eu encontrava para lutar e vencer o mais rápido possível os obstáculos que a vida se me impunha! Todo esse sofrimento passou e comigo levei a firmeza e ideia de lutar para ser bem sucedido profissionalmente já que emocionalmente talvez nunca o seria. E o sucesso profissional veio cedo quando me realizei dando aulas a partir de 16 anos ganhando assim minha grana para meu sustento e até mesmo para ajudar os meus familiares menos favorecidos. Aos 18 anos comprei minha primeira bicicleta, uma monark barra circular vermelha zero Km, novinha, era a top na época ( risos ). E minha maior vitoria foi, junto com uma equipe de mais uns 20 professores, ajudar na construção de uma Escola que é, já há bastante tempo, reconhecida como uma das melhores do Brasil, qual seja: o COLUNI-UFV! Consegui ao longo dos anos cada vez mais colocar sentimento e emoção no meu trabalho, fazendo do mesmo meu lazer, de tal forma que hoje sinto como se nunca tivesse trabalhado de verdade! Como passei muitos infortúnios comecei muito novo a pensar de que modo eu poderia viver minha vida buscando cada vez me lapidar e me humanizar mais. Não sei se minha luta foi realizada da maneira ideal, mas foi o melhor que eu, dentro de minhas limitações, consegui fazê-lo. Quando criança, já pensava, que, para ser um pai, a pessoa teria que ter condições financeiras, psicológicas e fisiológicas para sê-lo, porque filho não é uma brincadeira, é uma responsabilidade para o resto da vida e tem que ser levado a sério a atitude de tê-los e criá-los. É muito fácil ter um filho e jogar a obrigação para o Estado ou para outras pessoas cuidarem do mesmo! Deveria ser obrigatório incluir no currículo das escolas uma nova disciplina, com o nome de PATERNIDADE! E isto deve ser feito com certa urgência porque as crianças estão engravidando cada vez mais cedo ( talvez não lhes ensinaram a diferença entre uma boneca e uma criança ). Mesmo aqueles que não frequentaram uma escola deveriam ter a obrigação de fazer um curso para aprender o que é ser um pai ou uma mãe ( tal qual se faz na Igreja Católica para ser padrinho, apesar de que o curso a que estou me referindo não deve ter conotações religiosas )! Mas para entender tudo isso e se colocar em prática ainda vamos ter que presenciar muitas perdas de vidas de maneira desnecessária, vidas sendo ceifadas pelo próprio homem de forma brutal ou por condições climáticas desfavoráveis ocasionadas inclusive pela devastação de forma impensada de como se utiliza o Planeta, como se existissem outros iguais para irmos para lá quando os recursos deste se esgotarem! Talvez levemos séculos para compreender que, de forma mais racional, o mundo seria melhor com qualidade de gente no Planeta e não quantidade. Muito do caos que está estabelecido mundo afora, penso eu, está no crescei-vos e multiplicai-vos na forma mais pura da irracionalidade humana! Hoje, um pouco mais maduro, me limito a tirar da Terra para mim apenas aquilo que eu necessito, uma pequena morada com o necessário para viver sem excessos e um carro para me locomover nas raras vezes que vou um pouco mais longe da minha cidade. E viver dessa forma fica mais fácil ( sem stress ) administrar minha vida, sobrando mais tempo para me dedicar às pessoas e não às coisas!" DORO ( 25/12/2013 )

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